AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
192 bPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO 1 5 7 1 queixava-se a avó, D. Catarina, ao Legado do Papa , Cardeal Alexandrino , de haverem os confidentes do monarca insuflado em seu espírito a ideia de tomar Africa e conquistar toda a· índia (1). A sugestão viria de antes, e ·foi justamente neste ano de 157 1, em Novem- -bro, que Francisco Barreto, detido até aí por circuns– tâncias várias , partiu de Moçambique, para entrar com a expedição completa· no Zambeze e dar princípio à guerra. A distªncia a percorrer era considerável, e a jornada trabalhosa. De toda a parte obstáculos: clima inóspito, recursos de ocasião minguados, gente da terra hostil. As doenças, muitas das quais atribuídas a peçonha, e cruelmente vingadas nos mouros dos lugares contami.,. nadas, estorvaram logo de começo a, marcha. O saque às casas dos supostos envenenadores rendeu 1 5 mil miti~ cais de oiro, e ·nisso consistiu todo o proveito da expedi– ção. Quando, após incríveis trabalhos, dizimada a coluna em avanço. por enfermidades, e enfermo ele também , Francisco Barreto desesperou de chegar aonde o Mono– motapa se encontrava, e lhe mandou um embaixador com presentes , renunciando à declaração de guerra , trouxe-lhe este em retorno oito manilhas de oiro, que , refere o missionário, pesariam 8 miticais (2). O presente oferecido ao soba valia 6 mil cruzados. Ficou a~sente com este poderem os Portugueses nego- (1 ) «T ienenle mecido en cosas conforme á ellos que no son de este tiempo, en tomar á Africa y en que ha de conquistar toda la India,>. N ota da mão da Rainha sobre as causas por que pretendia retir~r-se para, Espanha. Danvilla y Burguero, D . Cristobal de Moura, (M adnd, 1900) > P· 226. (2) Cerca de 33 gramas, a 30.000 réis o marco, 4.314 réis.
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