AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

O PRIMEIRO CICLO DO OIRO 191 explorados ainda. Empresas a que antes estimulava a ambição impunha-a·s agora a necessidade. O império do Monomotapa, jazigo de riquezas fabulosas, achava-se ainda inviolado. Em I 569 foi resolvido mandar proce– der à ocupação. Francisco Barreto, governador que fora da fndia, teve a incumbência do feito, e saiu de Lisboa em Abril desse ano com as forças adequadas ao propó– sito, a que se juntaram mais tarde contingentes de Goa. O entusiasmo pela empresa foi grande, e, com a mira no despojo, não faltou gente nobre a inscrever-se, atraindo assim muitos aventureiros da casta inferior. O missioná– rio jesuÍta, cronistk da expedição, que a acompanhou; :dá-nos conhecimento das razões que a inspiraram. Pri– meiramente propagar o Evangelho: motivo aparente que .era a veste idea-l do interesse, e em que os próprios de quem ela servia a ambição ·acabavam por crer. O propó– sito de vingar a morte do Padre Gonçalo da Silveira entra nas razões invocadas para se declarar a guerra ao chefe cafre. Presentemente, e em casos semelhantes , o modo -de proceder é idêntico, ·só com a diferença que em lugar ·da fé de Cristo se nomeia a civilização. Outra razão era ..aumentar os recursos do erário, depauperado por extraor– dinários gastos em Portugal e na fndia, e aplicar as sobras, . -q~ando as houvesse, à conquista de África (1). Tais os fundamentos que, de opiniões ouvidas, o missionário coligiu; e não seria inventado o final, da tenção conquis– tadora, se bem na aparência prematura. D. Sebastião tomara posse do governo no ano antecedente, e não admi– rará que já então, aos catorze anos, alimentasse o pensa– mento a que mais tarde deu em holocausto a vida. Em (1) Reiaçãa da viagem, Ms. cit.

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