AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
-190 BPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO testemunha, Vasco Fernando Homem, que ficou por governador da conquista, presenciou levarem os negros gamelas de terra a lavar em rios distantes, para apurarem quatro e cinco grãos do metal. Tudo pouquidade e pobreza, comenta o narrador (1). Desta maneira O pro– duto da exploração não podia compensar os gastos, e os favorecidos do régulo abandonavam a mercê que lhes I era ruma. D.esimpedidos os caminhos, aliava-se a abnegação do místico à cobiça do aventureiro para efeituar a con– quista. Em 1 560 chegou da fndia o missionário jesuÍta D. Gonçado da Silveira, com o propósito de converter à fé de Cristo o soberano do Monomotapa e seu povo. A existência de Portugueses nos lugares de passagem e , na povoação do soba facilitou-lhe a tarefa. Aprendeu frases da língua dos cafres, pregou, baptizou, e ao que supunha fez prosélitos. Mas nele, como em todos os ilu– minados de categoria igual, a ânsia do martírio suplantava a satisfação do que obrara. Deus cumpriu-lhe a vontade, . e o régulo, persuadido por seus feiticeiros de que feiti– çarias eram os actos litúrgicos, ordenou a morte do após– tolo (2). Tudo isto chamou novamente as atenções na corte para a terra do oiro. Naquele tempo já se tinha experi. , m entado de muitas maneiras que a fndia era uma one- · rosa conquista, para acudir à qual, e às demais despesas do Estado, importava abrir mananciais de receita não (1) Couto, Déc. 9.ª, Cap. 24.º. . (2 ) Carta do P. 0 Luís Fróis, Goa 15 Dezembro 156 r. Publicada com outras relativas ao assumo na memória intitulada O Padre D . Go·n– çalo da Silveira, apresentada ao Congresso Internacional dos Orienta– listas, na 10.ª sessão, por A. P. Paiva e Pona (Lisboa, 1892) .
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