AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
184 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO regência do Cardeal D. Henrique, se considerar em con... selho o alvitre de abandonar o tráfico e o domínio, Sem embargo de tantos gastos, eram os estranhos, franceses e ingleses, xerifes e mouros de África, os que tiravam de lá o proveito - dizia Jorge da Silva-; e ao rei de Portu– gal, senhor da gema de oiro do mundo, ficavam somente os encargos. «É juízo de Deus - arguía depois - que, ganhando-se no Brasil dinheiro em açúcar e algodões, pau e papagaios, V. A. perca muita fazenda em oiro puro» .. Isto por se não adaptarem as providências seguidas na América: povoamento, conversão dos indígenas, intro– dução da agricultura ; Por meio delas, assegurava o áulico, se consertaria a situação da Mina. É provável que o alvitre, embora judicioso, não saísse na prática de aplicação fácil. Solo, clima e popu– lação ofefeciam em suas condições, mui diversas ; obstá– culos não encontrados na colonização do Brasil. Nem o sistema das doações, origem da prosperidade invocada, podia ensaiar-se outra vez, no estado de esgotamento a que chegara a nação. O facto é que o relatório de Jorge da· Silva, se o viu o rei, na inexperiência de seus anos e embebido em pensamentos belicosos, não mereceu aten– ção. A solução que se teve por mais adequada parece ter sido a do arrendamento, meio clássico pelo qual o Estado convertia em receita imediata as cobranças trabálliosas. Como porém não aparecessem pretendentes instituiu-se o C:omércio livre, excluídos, bem se entende, os estr~n– gei"í-os. Mas, oú porque não desse a tributação o rendi– mento calculado, ou pelo receio de entrarem , à sombra dos naturais, os estranhos no tráfico , ao cabo de algum tempo suspendeu-se a liberdade. Depreende-se is to de um escrito do tempo de D. João IV, no qual o autor, Fran-
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