AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
180 fPOCAS DE PORTUGAL· ECONóMICO tas dos Açores arrendadas. Tanto basta para mostrar quanto era falaz o engodo da Mina, cuja ilusão se não apagou da história. De ano para ano, contudo, ela apa– rece ma:is visível. Em I 598 estavam as receitas e tratos arrendados por 24 contos a Francisco Rovellasco, que veio a falir. Tornou conta a coroa da administração, e orça– das em 9 contos as despesas anuais, reconheceu não dar proveito esta forma· de manejar o negócio (1). Não se compadece o efeito visto com a imaginada riqueza do que, na costa ocidental, por execelência se· cha:mava a Mina. Já nesta época se reconhecia quão pre– cária negociação fora a empresa da fndia, e muitos ainda. lastimavam ter-se por ela abandonado a conquista de um império em Africa:. Esses apregoavam que do oiro da Mina se tinham pago a Carlos V os 900 mil cruzados, dote da Imperatriz, irmã de D. João 111. Em bons dobrões: de oiro e não em drogas da índia, acrescentavam, por demonstração de que, pelo engano do Oriente, tinham. desprezado o positivo de uma conquista menos dispen– diosa, e infinitamente mais próxima. Em dobras de oiro .. na verdade, mas abatida a quarta parte em velhas dívidas. do Imperador, mendicante perpétuo (2); e o resto em prestações, nas feiras de Flandres e Castela, adquirida a moeda na venda de especiaria (ª). O historiador Couto, no Soldado prático, julgava a. (1) Falcão, Livro de toda a fazenda, p. 23. · (2 ) Realmente: 165.232 dobras do dote da rainha D . Catarina; 23 .066, sua Ieiíti.ma materna não paga; 5r.369, empréstimo de D . M a-· nuel no tempo das Comunidades, correspondentes a 50.000 cruzados_ Total 239.667 a deduzir de 900 mil dobras castelhanas de 365 mara– vedi.s, a que montava o dote. Cf. Sousa, A nais de D. João III, p. 134- (3 ) Documentos ele quitação publicados por Braamcamp Freire– no seu estudo sobre A Imperatriz Isabel.
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