AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
O PRIMEIRO CICLO DO OIRO 177 dava que me aproveitava a mim a me fazer mercê desta feitoria , e eu senhor, estou de todo perdido, e não quisera cá ter vindo por nenhum preço» (1). - Por vezes lan– çava-se mão dos soldos já pagos, e arrecadados como espó– lio por morte dos proprietários, incumbindo-se a coroa da restituição aos herdeiros no Reino. Assim foi em 1 5 1 2 , aplicando-se então a novos soldos e gastos da fortaleza • 2 mil miticais, em d~Rósito, ·pertencentes a defuntos (2). Semelhantes not1e1as, pouco a pouco, iam desfazendo em Lisboa a miragem dos primeiros tempos, tão dife.,. rente da realidade. As povoações florescentes da costa, Mombaça e Quíloa, de que o comércio fazia a prospe– ridade, arrasada a primeira, tributária a outra dos Portu.,– gueses , tinham perdido toda a importSncia anterior. Nem 0 xeque de Quíloa, privado das re~das desse comércio, tinha de onde pagar os 2 .ooo miticais de páreas, a que se havia obrigado. Em I 5 I 2, a fortaleza já inútil, levan– .ta-da por D. Francisco de Almeida em 1 5o5 1 foi demo– lida, e abandonada a povoação por ordem do governo de Lisboa. No reinado de D. João III o que por Sofala saía era insignificante, e para o rei oiro nenhum. Cada· ano ~inha da índia a Moçambique um navio, carregado por conta da coroa, com fazendas destinadas aos resgates, lá e em Sofala: - «Os proveitos que nisto S. A. tem terá já ·sabido há muito tempo» -, escrevia o vedor da Fa– zenda, Simão Botelho. De retorno, algum, pouco, mar– fim, -e anos houve em que esse mesmo falhou (3). Por negligência dos feitores, ou embaraços no sertão ao trá- (1) 8 Agosto 1519. T. Tombo, Theal. 1. 0 , p. 99. (2) Carta cit. de Pero Vaz Soares, 30 Junho 1512. (ª) 15 Dezembro r 548. Cartas.de Simão Botelho, em Subsídios para a história da ~ndia portug1:1esa, at., p. 7. 12
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