AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
O PRIMEIRO CICLO DO OIRO 175 Diogo Lopes de Sequeira- a interromper a jornada. Mas já nesse tempo sem vantagem para a coroa, como Afonso de Albuquerque, em despeito se lastimava ao Rei: «Não posso crer, senhor, que o trato de Sofala há de andar sempre tão igual que nunca mais cresça nem mingúe mais que aquilo que baste para pagar ordenados à gente» (1). O que significa despender-se tudo no·próprio lugar. Adquirido o produto, índice soberano da riqueza, a troco de bagatelas , ainda assim não dava proveito. Em negócio de tal modo esperançoso, os gastos comerciais absorviam a diferença entre o custo, no lugar da pro– dução, e o valor mercantil da fazenda. Não devemos ter por inconcussa a probidade dos agentes régios; mas a feitoria devia ser estabelecimento dispertdioso, e como só por intermediários, ·que regatea– vam no sertão, podia adquirir o metal apetecido, isso de certo modo explica- a insuficiência dos resultados. Por outro lado, se a produção, por métodos bárbaros, era escassa, as guerras entre os cafres estorvavam o traba– lho e o~ transportes, ao mesmo passo que os mouros, ,, interessados no tráfico, o desviavam para o porto de Angoche, onde lho não impediam os Portugueses. N-0 mesmo .tempo em que estranhava o vice-rei a pobreza do negócio, dela se lastimava igualmente o feitor. Em oito meses, de Outubro de 151 2 a Junho seguinte, todo O oiro que logrou juntar não passara de 6.500 a· 7 .ooo miticais, e esse compradp exclusivamente a mer– cadores de Sofala, porque os cafres, pelas razões apon– tadas, não vinham à povoação. Comunicando isto a D. Manuel, o feitor acrescentava parecer-lhe não seria (1) 2 5 de Dezembro de 1514. Cartas, r. 0 , p. 301.
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