AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

172 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO Em mem6ria do acontecimento, e para assinalar a ,era nova de grandeza em que entrava ·a: nação, mandou o rei fabricar, com o oiro do primeiro pagamento, a -custódia maravilhosa de Belém. O rótulo inscrito na · ·base fixa este ponto de história. A obra de arte cristaliza as aspirações do soberano e as da época. E! oro es exce– ientissimo, - escrevia Colombo da América a Isabel a Católica - en e! quien lo tiene hace cuanto quiere en .e! mundo. Riqueza imensa representava a especiaria; de nenhum modo porém equivalente ao metal sumptuoso, -em todos os tempos cobiçado. Senhor daquela e deste se -considerava o rei de Portugal o mais poderoso soberano .da cristandade. Quanto tempo ia durar a embriaguez? O que produziram as minas do Monomotapa para a coroa: portuguesa não sé saberá jamais. Os cálculos feitos :até agora são de puro arbítrio, e segundo toda a aparência -excessivos. A noção corrente é valtr o oiro saído cada ano .milhão e meio esterlino (1). Sem que, todavia, qualquer ,documento abone a afirmativa. Importa ponderar que, ·fossem embora muito abundaotes. as jazidas, a extracção pelos selvagens, por métodos primitivos, e sem continui– ,dade no trabalho, tinha de ser forçosamente min– guada (2). Por isso o entusiasmo do período inicial foi .de curta· duração. Os tesouros que haviam de engran- (1) Rebelo da Silva, H ist. de Portugal, nos séculos XVII e XVIII, +º, P· 560. . • (2 ) Carta de Diogo de Alcáçova ao Rei, 20 de Novembro de i5o6: «Cavam a terra e fazem como mina, que irão por ela· para baixo um ,grande tiro de peça, e vão tirando por veios, com a terra misturada COQ;i o oiro; e apanhado o met1;:m em uma panela, e ferve muito no fogo ; ,e depois que ferve a tiram para fora e põem a esfriar; e esfria e fica a -terra e o oiro, tudo oiro fino» . (A lguns documentos da Torrei do Tombo, p. 154).

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