AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
O PRIMEIRO CICLO DO OIRO 169 nas orelhas e nariz, e colar da mesma espécie (1). No símbolo se exprimiam as riquezas, de que o ·afluxo iria faz~r o Portugal novo, segundo a esperança geral: o oiro e os escravos. Na carta de nobreza o rumo de nação comerciante, em que definitivamente se entrava. Em r 48 r, D. João II mandou erigir o castelo de S. Jorge da, Mina, ª. fim de por ele dominar a região, e dar ao tráfico a precisa seguridade. Sucessivamente cres– ceu este, de sorte que, em pouco tempo, João .de Barros lhe·considerava o rendimento superior ao total dos impos– tos cobrados no reino, somados às demais rendas da coroa (2). Nos cinco anos de r 494 a• r 498 produziram os dízimos do oiro da Guiné r 1 .777 dobras, sendo 3.5-73 dos três_primeiros, e 8.204 dos dois últimos, que ao todo perfaziam perto de 62 marcos e, reduzidas a cunho, 3.968 cruzados, a 64 no marco (8). O progresso na extracção afirmava-se de ano para ano, e, em 1 502, uma caravela que Vasco da Gama encontrou, nas alturas de Cabo Verde, quando ia na segunda viagem para a fndia, era portadora de 2 50 mar– cos, tudo manilhas e jóias que os negros costumam (1) Barros, Déc. r.ª, Liv. 2.º, Cap. 2. 0 • (2) Ibid. ' (3) Quitação ao recebedor Pero Vaz da Veiga em Arq. Hist. Port., 5.º, P· 239. Havia dobras- de várias espécies, e com esse nome · corriam em Portugal peças de oiro de França, chamadas também coroas, e castelhanas e mouriscas, a que fora marcado o valor de 120 reais brancos. Aqui a referência deve ser à dobra corrente, como tal designada, moeda de conta representativa dos 120 reais em metal. (Cf. Costa Lobo, Hist. da sociedade em Portugal no século XV, onde cit'l documentos de prova). N este tempo cunhavam-se de um marco de oiro 38 justos de 600 reais, o que dá para o marco o valor de 22.8oo ~eais brancos. Mais fraco que o justo, o cruzado corria por 380 reais. (Vep-sc Teixeira de Aragão, Descrição das moedas, p. 243).
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