AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

168 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO escassa valia, obtinham-se estas riquezas. Por um cavalo, a~ mais das vezes ruim, traziam-se dez ou doze escra– vos é 1 ). Em I 469 foi arrendado o privilégio do tráfico, durante cinco anos, com certas reservas para a coroa, a Fernão Gomes, negociante (2), pela soma de duzentos mil reais por ano. O contrato estipulava~lhe a obrigação d~ descobrir anualrz:iente cem léguas de terra além da Serra Leoa, e foi nesse encargo que dois seus estipendia– dos, João de Santarém e Pero de Escovar, am·bos cava– leiros da casa de El-rei (3) , fizeram o primeiro resgate de oiro, no sítio que veio a chamar-se por isso a Mina. O monopólio não abrangia a zona de Arguim, mais pró– xima, depois arrendada ao mesmo Fernão Gomes por cem mil reais . Contra o primeiro contrato insurgiram-se as Cortes, alegando que privilégios semelhantes por duzentos mil reais seriam de graça; que bem podia a coroa fàcilmente obter mais cem mil .rescindindo o contrato; mas seria o melhor de tudo conceder o comércio livre a todos os vassalos. Respondeu D. Afonso V que na arrematação ninguém trouxera maior lance. O comércio livre era con– tra as ideias do tempo; a coroa, através do arrendatário, conservava para si o monopólio. Neste caso da Mina, tanto se achava o concessionário na graça do soberano que, terminado o contrato, lhe deu ele carta de nobreza, com brasão alusivo à qualidade de seus serviços: em campo de prata três cabeças de negro, com argolas de oiro (1 ) VeJam-se as fontes em Gama Barros, 2.º, p. 295. (2) Cidadão honrado de Lisboa, diz Barros: Déc. r."', Liv. 2.º, Cap. 2 . 0 • (3) Barros, Déc. 1 ."', Liv. 2. 0 , Cap. 2 .º. ' .

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0