AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

164 ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO Lima, tinha granjeado no posto I 40 mil pardaus, ele~ que era Noronha, de razão havia de adquirir muito mais (1). E assim a emulação das estirpes se manifes– tava ãté na desonra. O dito não será verdadeiro, mas. corresponde aos factos, e traduz o estado de espírito, remante. Com que proveito? O mesmo Soldado prático, res– ponderá : «É dinheiro de encantamento que se converte em carvões; o mais dele vai por onde veio» (2). Das. enormes rapinas pode dizer-se que nada ou bem pouco restou? visível em testemunhos materiais de opulência, aos que as cometeram. Onde estão os nobres palácios, os. tesouros de arte, como os dessas -aristocracias, também. predatórias, de Génova e Veneza? Tudo se dissipava no, luxo vulgar (3). Assim como para a nação o que avultai é o poema imortal, em que os feitos estrondosos se eter– nizaram. Que semelhantes hábitos individuais, a dis– tância, haviam de repercutir na moral colectiva e em redor do soberano , ninguém contestará. Eles explicam de modo bastante a venalidade, na crise dinástica de I 58 o » que se avizinhava. (1) Felner, Subsídios, t . 5.º, p. XXVI. ( 2 ) Primeira parte, p. 8. (3 ) Algumas quintas, que se vêem perto de Lisboa, é tudo que– lhes ficou do que trouxeram do Oriente» . Palavras de um anónimo, comentador do Livro de toda a Fazenda, no tempo do M arquês de Pombal. Ms. Bibl. N ac., cód. 581, p. 14.

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