AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
A 1NDIA E O CICLO DA PIMENTA 163 contas, pelo modo das do Grão-capitão Gonçalo de Cór– dova·. Os comandantes adiantavam do seu bolso as somas · precisas, e depois nos relatórios punham cento por dez, diz Couto (1). Afirma o autor da Fatalidade histórica da ilha de Ceilão, que aos capitães a paz não convinha, pros– .seguindo-se nas conquista-s só pela cobiça deles (2). Nada havia de que deixassem de lançar mão os conquistadores para se locupletarem. Uma vez, nas Molucás, à falta de mais tesouros, apossaram-se das ossadas dos reis defun– tos, para que lhas. resgatassem (3). Em Goa os governa– -dores, ou por eles a gente do séquito, faziam negócio das nomeações para os postos. - «Até as capitanias das :galés, f1:1stas e estª-i:cias se dão em preço apreçado», dizia ,o Soldado prático de Couto (4). Outro modo de con– <:ussão era o das falsificações nas folhas de pagamento às tropas, dando como presente ·número de soldados que _só existiam no papel. O mes~o acusador feroz consagra à matéria mais de uqi capÍtulo. - «A matrícula (escre– via) serve de estarem vencendo nela homens mortos de muitos anos , e outros que andam entre os mouros», assim como «escravos, cativos, aleijados, e ·não em ser– viço de Deus, e de seu rei, senão em corrimentos e cuti– ladas, que lhes deram na gualtaria» (5). Conta-se que D. Álvaro de Noronha, capitão de 1 Orniuz, como lhe estranhassem os actos de improbi– ·.dade, replicara que, se um dos seus antecessores, de nome 6 (1) Década 8."', cap. 38. 0 • ( 2 ) Colecção de Notícias Ultramarinas, t . 5.º, p. 21 6 .– (3) Gaspar Correia, t. 3-°, p. 637. (4) Segunda parte, p. 109. (5) Soldado· prático., terceira parte, p. 3r. Veja-se também na p rimeira parte a cena 9.ª: «Do que são soldos velhos, e do roubo que :Se faz a El-rei)).
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