AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
162 ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO nada padeceu. Só o mouro perdeu a fazenda , que toda era sua, e por comiseração pouco vulgar ·o não enfor~ caram (1). Seus protestos depois disso , desprezados como. ' era de esperar, tornaram público o acontecido. No comércio lícito defraudava-se de igual modo a Fazenda Real. Já no tempo de Afonso de Albuquerque Gaspar da fndia denunciava os funcionários contraban- . distas (2). Nos portos principais , os capitães expediam por sua conta embarcações de cujos carregamentos nem eles nem os seus apaniguados que a bordo i~m, nem os naturais seus protegidos, pagavam nas alfândegas locais os direitos , quer de sa-ída quer na torna-viagem (3). Em r 5 5 2, Simão Botelho, vedor da Fazenda, que tinha sido capitão de Malaca, acusava o sucessor, D. Pedro da Gama, filho do Conde Almirante, de haver reduzido por aquele meio os rendimentos da· alH,ndega de entre 27 e 30 mil cruzados por ano a r 5 e a r 2 mil ( 4 ). A variedade das moedas, segundo as terras, fazia o negócio dos câmbios singularmente produtivo, e da cir– cunstância se aproveitava·m os que exerciam autoridade. Não contentes com isso, cerceavam as espécies , prática iniciada ao que parece por Martim Afonso de Sousa (6). Também na metrópole elas iam às vezes falsificadas (6) . As guerras tinham de ser incessantes, por consti– tuírem a principal indústria. Além das presas havia as (1) 'Lendas da lndia, t. 2. 0 , p. 680. (2) Cartas de A fonso de A'lbuquerque, t. 2.º, p. 371, t. 3.º, p. 195. (ª ) Costa Lobo, p. 167. (' 1') Carta de 30 de Janeiro de 1552 a D. João III, em Subsídios para a história da l ndia portuguesa, por Lima Felner, t . 5.º, p. 29. ( 5 ) Gaspar Correia, t . 4.º, p. 429 e 435· (ª) Cartas de A fonso de A lbuquerque, t. 2.º, p. 442.
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