AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
160 fPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO • , VIII Enquanto a terra natal empobrecia, · a casta nobre, além do oceano, continuava a tradição dos tempos em que, na Península, tinha arrancado o solo ao agareno. A espada vitoriosa devia manter-se dos proventos da con– quista, com direito no regresso aos prémios adicionais: tenças, comendas e mercês várias, de que, em pedincha incessante, jamais a fidalguia se fart~u. As mercês, porém, no reipo, não eram mais que o complemento talvez minguado, dos lucros e depredações do Oriente. Desde os primeiros tempos da conquista, nenhum meio repugnava aos homens de guerra, que ali iam no fito, como era a palavra corrente, de se reme– diarem. Quando, pela submissão dos régulos, foram raras as ocasiões de saque, e as presas diminuíram, alcançava-se o feito per artes menos espectaculosas, mas igualmente produtivas. E o monarca entrava no despojo com o pró– prio cabedal, como o gentio sujeito. Gaspar da Gama, chamado também Gaspar da. índia, aquele judeu levan– tino, convertido, que o Almirante D. Vasco trouxe a Portugal, na primeira viagem, e que depois voltoll: por intérprete das armadas, e um tanto espião de D. Manuel, já em I 506 denunciava a este as delapidações em detri– mento da coroa. Se. D. Francisco de Almeida, escrevia ele, castigasse a todos que vendiam mercadorias defesas, e das presas de Mombaça furtaram muito oiro e muita prata - «havia mister destruir a maior parte dél gente que na índia está)) (1). Mais: de quantos iam à índia (1) Cartas de A fonso de Albuquerque, t. 2.º, p. 376.
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