AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

A 1NDIA E O CICLO DA PIMENTA 159 liadas pelo vice-rei, dessem mesa aos soldados . «E que se continue nisto o costume que antigamente se tinha)), recomenda a carta régia (1). Que todos morriam ao desamparo escrevia o Padre António Vieira setenta anos depois , com o costumado exagero, que não exclui parte, e esta considerável , de verdade (2). Alguns que tinham ensejo iam servir os reis gentios. Outros casavam na terra, mudavam de profissão e ficavam. Dos que, findo o seu tempo, desanimados voltavam à pátria , muitos se per– diam ainda no mar, porque no regresso, sobrecarregados de ordinário os navios, cansados já e mal reparados na fndia, era a ocasião dos naufrágios. Outras vezes as doen– ças, as privações, as misérias de bordo, a que não re~istiam organismos der.auperados por efeito do clima, faziam estragos equivalentes nestas turmas infelizes. Ainda era o mesmo em fins do século XVII , quando o Padre Antó– nio Vieira escrevia da Bahia: «Da índia tivemos nau com cinco .meses de viagem e mais de cem homens mor– tos» (3). Carga, nesta ocasião, nenhuma. A especiaria tinha passado às mãos de holandeses e ingleses, e iam as embarcações trocar no Brasil, por açúcar, as pedras que traziam por ~astro de Goa. Já dizia António Bocarra, no prólogo da sua Década, que no tempo dele o interesse do -comércio da fndia se achava quase extinto. Para isto se ... tinha desfalca·do e continuava a desfalcar do seu povo o Portugal europeu. ; (1) Ao vice-rei D . Martim Afonso de Castro, 27 de Janeiro de 1607. Livro das Monções, t. 1. 0 , p. 127. (2) Carta de 5 de Janeiro de 1672, a Duarte Ribeiro de M acedo. (3 ) Carta a Diogo M archão T emudo, 29 de Junho de 1691. /

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