AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

I A 1NDIA E O CICLO DA PIMENTA 157 memórias: «Morre tanta gente a bordo, que às vezes não basta a de dois navios para marear um só na torna– -viagem)) (1). E, pwventura com algum exagero, conta adiante ter visto chegarem a Goa, com 2 oo pessoas~ embarcações que conduziam I .ooo a 1 . 200 (2). Quando Diogo do Couto foi para a fndia, de 900 almas que havia na sua· nau pereceu a metade; e assim no resto da armada, porque de 4.000 soldados que trans– portava só 2.000 chegaram a Goa (3) . Morrerem em uma embarcação, na passagem, 400 pessoas sucedia com frequência, refere Severim de Faria• (4). E ainda depois , no tempo de António Vieira, tinha este motivo de escre– ver: - «Para a fndia vai uma só nau, não grande, e um patacho, capazes de transportar pouco mais de cem solda– dos, de que lá não chegarão metade)) (5). E , assim, em tantos anos , não tinham variado para a plebe das naus as condições da viagem. Na esquadra, enviada em 1699 de Lisboa para socorro de Momb~ça, tinham perecido na travessia, ao chegarem os navios a Goa, sem terem os pilotos ·querido procurar o porto do destino em Africa, 300 homens, e deram entrada no hospital 3 60 enfermos, sendo o total da expedição 900 soldados ( 6 ). Postos em terra os míseros soldados não se lhes. melhorava muito a vida. Parte, inválidos , entravam logo (1) N a trad. de Cunha Rivara, t. 2.º, p. 161. (2) Idem, p. 175. (ª) D ' " º ec. 9. , cap. 1 x. . ( 4 ) No tícias de Portugal, t. x. 0 , p. 18. (5 ) A Duarte Ribeiro de Macedo, 18 de Novembro de 1675. ( 6 ) Cronista de T issuary, publicação de J. H. da Cunha Rivarap t. 5-º, P· 2 5·

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