AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

A fNDIA E O CICLO DA PIMENTA 153 Esta, capitania de Sofala se considerava a mais rica do império português, e rendia nos três anos ao proprietário 200 mil çruzados; logo abaixo a de Ormuz, r 80 mil; a de Malaca, 1 3 o mil. Estes eram os rendimentos lícitos, porque adicionados os ilícitos subia o ganho a muito mais. O vice-rei D. Jerónimo de Azevedo, que governou a· fndia de r 6 r 4 a I 6 I 7, tinha antes granjeado em Ceilão fortuna considerável, e se oferecera para exercer o posto sem ordenados, resolução que em seguida não cumpriu. Pior do que isso foram suas malversações, pelas quais, e por outras faltas, morreu ·despojado de tudo e em prisão. no castelo de Lisboa (1). Alguns ma-is, e desde os tempos primeiros do império, tiveram sorte igual, o que Garcia de Resende se não esqueceu de mencionar na Miscelânea, entre os casos notáveis (2). No sistema de explorar a con– quista e.orno presa de guerra, a improbidade tinha· de ser delito comum. Gaspar Correia pedia se degolasse um governador no cais de Goa, para exemplo dos outros (3). Em Lisboa choviam as denúncias, algumas, devemos crer, (1) Faria e Sousa, Ásia Portuguesa, t. 3.º, parte 3.", cap. r. 0 , onde diz: «Fué uno de los mas caudalosos caballeros portugueses que vió la India, si los mayores caudales no fueron las mas rezias tentaciones de querer _mas:>· Jactava-se, quando tomou conta da fo_dia, de possuir em animais diversos, cavalos e feras - «que en la As1a son de mas precio entre los principes» - , valor acima de 500 mil cruzados. Idem, cap. 14.º. (2) Os mais dos governadores, Que à fndia foram mandados, Vi mortos ou acusados, .. .. .. .. ... ............. ...... .... .. ... ~ .. Os mais são lá soterrados, E os vindos demandados, Sequestradas as fazendas, . Uns presos, a outros contenâas E libelos processados. (3) Lendas da l ndia, t. 2.º, p. 752,

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