AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
. " A 1NDIA E O CICLO DA PIMENTA 151 passante de 600 mil cruzados, a Fazenda Real se endivi– dasse cada vez mais (1). Cerca do 11?,esmo tempo em que escrevia Diogo do Couto, o viajante francês Francisco Pyrard ouvia em Goa o que era do cónhecimento geral, a saber: que na fndia não davam as receitas para cobrir as despe~as (2). A verdade é que só na época da conquista a fndia pagava o seu custo; não porém das rendas normais de um Estado, mas do eventual, proveniente das guerras, con– soante enumerava Albuquerque: páreas, presas, toma- . dias, resgate de m0,uros. A isto acrescia algum pouco da venda de mercadorias. «Daí- comunicava o herói - pagam-se soldos, casamentos, dádiva_s e embaixadores de reis mouros e senhores que vêm a mim)) (3). Semelhantes fontes de receita, a última , do comércio, exceptuada·, não podiam ser perpétuas: ter-se-iam de continuar indefini– damente as guerras e conquistas, o que a escassez de meios não permitia. Estabelecido o domínio, a ilusão dos pri– meiros tempos dissipou-se, e Portugal, acorrentado à sua obra, foi-se dessangrando de homens e cabedais, em pro– veito dos ávidos a'Z_entureiros que exploravam a conquista. Sob o governo castelhano a construção ambiciosa de cem anos atrás , desde o princípio vacilante em seus frá– geis alicérces , desmoronava-se por toda a parte. Não era já a manutenção de um império, mas a continuação de um comércio vantajoso, o que, à falta de recursos, peri– gava. Em 162 3, por não haver no Reino quem adian– tasse as quantias necessárias para os gastos da fndi a, em (1) 2.ª parte, P· 47· (2) Viagens, tradução ele Cunha Rivara, t . 2 . 0 , p. 186. (3 ) 30 de Agosto ele 151 2. Cartas, t. 1. 0 , p. 71. •
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0