AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

150 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO das a arriscarem outras, ~ujeitos a vicissitudes iguais. Do balanço de 1 607 se infere que o caso permanecia insoluto. Os juros não se pagavam, mas o secretário de Estado ten– tava apurar o que do principal e interesses Hquidamente devia a coroa , o que não conseguiu, pela confusão da escrita na Casa da fndia (1). Nesta derrocada de uma transitória prosperidade, e falida a Casa da índia, a pimenta era ainda o recurso· essencial da Fazenda do Estado , e, pode dizer-se, a· razão. de ser de Portugal como unidade no mundo económico. - «É a coisa mais importante que dessas partes vem para a minha Fazenda» - dizia em 1 608 o soberano ,. referindo-se ao produto, em carta ao vice-rei da índia (2). No relatório de 1 607, o secretário de Estado, apontando– suposto saldo de 3 5 o contos, das receitas sobre a·s despe– sas do reino, acrescentava: «E tanto mais sobejará quanto, mais crescerem as rendas e mais pimentas» (3). Onde– se vêem em paralelo na mente do alto funcionário, .a ardente especiaria e todas as rendas do Estado. Mas para vir a pimenta necessário era sustentar a fndia, que nas contas oferecidas deixava de ganho 1 2 o, contos cada ano, quando na realidade consumia o total. das rendas e demandava muito mais . Já no tempo de D. João de Castro, a-inda no período épico, lastimava o, vice-rei terem de ir cada ano 50 a 60 mil cruzados, para ocorrer aos gastos ( 4 ). Nos diálogos do Soldaq,o Prátic(}' queixava-se ~ militar arguto de que, rendendo a índia (1) Falcão, Livro de toda a Fazenda, p. 10. (2 ) 23 de Dezembro de 1608. Livro das Monções, doe. 65. (3 ) Falcão, Livro de toda a Fazenda, p. 5. ('1 ) Carta a D. João III, 31 Outubro 1539. Publicada no Investi– gador Português, t. 16. 0 •

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0