AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
A fNDIA E O CICLO DA PIMENTA 147 -destes últimos dois para a Mina e cinco para a índia– entrava em cada ano uma· peça de escravatura. A quan– tidade e valor dos produtos, vindos de África e do Oriente, e ali armazenados , dava lugar a transacções de grande monta , e.tornava o sírio uma das feiras principais .da- Europa. Quan~o, pelo excesso de mercês régias e des– pesas , era necessário recorrer ao crédito, as tenças e juros ;assentes na Casa da Índia gozavam justificada preferência. .A pimenta, de que, fosse de particulares ou da coroa , :somente o vedar ou feitor regulava as vendas , tão pro– curada e de tão alto valor, parecia a todos um penhor eterno. O tempo havia de mostrar a vaidade dessa confiança, à qual a desordem na administração do Estado arruinava o fundamento. A Casa da· fndia , de onde a pimenta fugia para a posse de mercadores estrangeiros, a solver adianta- _ mentas havia muito consumidos, só com dinheiro de -empréstimos ocorria aos pagamentos. Em 1 560 já os juros desses e\11préstimos , e os demais com assento nas :receitas de origem colonial, se achavam em atraso. Nesse :àno foi decretada a insolvência: os juros em dívida -consolidar-se-iam ~om o capital respectivo em novos tÍtu– los, cessando totalmente a liquidação pela Casa da 'índia. Invocaram-se, como vimos , além dos motivos de ,ordem material, consistindo estes na penúria e sacrifícios ,do tesouro régio , os ditames da moral e preceitos da ... . Igrej a contra a usura (1). Os juros actuais seriam pagos .daquelas rendas que os credores escolhessem; mas, como ,em todas elas as disponibilidades mal chegariam para os (1) Alvará de 2 2 de Fevereiro de r 560. Gol. de leis da dívida -:pública, p. 149.
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