AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
A 1NDIA E O CICLO DA PIMENTA 145 se extinguia o poder marítimo e esgotava a puJança económica que um século antes tinha espantado a Europa. Daqui por diante a penúria na. formação das esqua– dras foi mais a regra que a excepção. Em 161 7 o Con– selho de Fazenda não encontrava modo de ocorrer ao armamento de quatro naus, e pedia que de Espanha mandassem recursos. A pimenta, que já não era mono– pólio dos Portugueses, acumulava-se de um ano para o outro na Casa da índia. Holandeses e ingleses, que de antes a vinham buscar a Lisboa, importavam-na agora directamente dos lugares da produção. Os mercadores nacionais, faltando os compradores de fora, retraíam-se igualmente, ~ aquela riqueza magnífica, pela qual se haviam tentado tão grandes coisas, jazia ao desprezo, ninguém a queria tomar pelo valor costumado. Foi o que svced~u neste ano de 161 7. Então o governo de Madrid mandou se chamassem ao Conselho de Fazenda os principais negociantes de Lisboa, e se lhes propusesse adquirirem a pimenta pelo justo preço. No caso de recusarem, se repartiria obrigatoriamente por eles a que houv<l'.sse em depósito, na proporção dos meios de cada um. Não aos de pequeno trato - com benignidade recomendava a ordem régia - mas ao~ •de maior cabedal, como ta•is reconhecidos, e limitado o número a quinze, para os quais se não admitia escusa de espécie ., alguma (1). Dez anos ~ntes, o secretário de Portugal, Luís de Figueiredo Falcão, fazendo para o segundo Filipe o tombo (1) Carta Régia de 2 1 de Dezembro de 1617, transcrita no Livro de Consultas de Partes desse ano. Bibl,. Nacional, secção ultramarina. 10
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