AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
I .,, A fNDIA E O CICLO DA PIMENTA 143 pórtico chamado Arco dos vice-reis, por onde estes faziam a entrada solene, ao chegarem da Europa. Tornando o negócio à conta do Estado, transferiu-se para a índia o sistema dos contratos e dos pagamentos em atraso aos contratadores. O dinheiro remetia-se da metrópole segundo as possibilidades. Às vezes não iria nenhum, como em r 597 . Para não serem aplicadas a fim diverso as somas destinadas à compra da especiaria, guardavam-se no convento de S. Francisco, em cofre especial, de três chaves, entregues a claviculários diferen– tes, um dos quais o governador ou vice-rei. Mas sucedia que em casos urgentes, e desses não falt~vam, se abria o cofre e, com pretextos vários, se dispersava o conteúdo. O Regimento de r 62 2 é bem explícito, e absolutamente veda tais desvios, ainda que sejam - palavras textuai~ - para a conservação do Estado. Outras disposições an– teriores e posteriores, insistem na proibição: todas sem efeito, até mesmo quando o governo manda· repor o dinheiro pelos responsáveis - governador e funcionários da Fazenda - e na fJlta tomar-lhes para pagamento na Casa da índia os produtos, que, percalços do ofício, anualmente enviavam para o Reino (1). O resultado foi não receberem os contratadores o importe da pims:nta que entregavam nos portos. Cobrã-..– vam juros, mas naturalmente era isso fraco estímulo para continuarem os fornecimentos , que se iriam tornando de ano para ano mais dificultosos. Em r 608 queixava-se (1) Reg. de 19 de Março de 1612. Instruções ao vice-_rei, 25 de Março de 1605, 18 de Janeiro de 1607, 25 de Fevereiro cfe 1608; e outras na colecção de documentos conhecidas por Livros das Monções, parte publicada pela Academia das Ciências.
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