AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
,., - A fNDIA E O CICLO DA PIMENTA 137 e mais especiarias. De mercadorias da Europa· o que avul– tava eram os vinhos, consumidos pelos portugueses, e alguns tecidos (1). Cada ano se havia de remeter o cabe– dal para- as compras, e de um para outro aumentavam os embaraços da coroa, que, decretando a liberdade do comércio, ,continuava como de antes a ·ser o principal comprador.' Recorreu-se então ao sistema de arrendar o tráfico. a particulares, retirando-se o Estado. O negócio parecia vantajoso. Não havia que mandar o cabedal para as transacções, e, persistindo na prática de consumir adiantadamente a-s rendas, obtinham-se do arrematante, por antecipação do produto da. viagem, somas considerá.: veis. Neste sentido foi o contrato de D . Sebastião com a casa de Conrado Rott, suspenso ao fim de dois anos e renovado depois por D. Henrique, sendo no intervalo as operações por conta da Fazenda Real. Pelas condições obrigava-se o contratador a trazer anualmente da fndia 50 mil quintai.s de pimenta; a entregar metade à ~oroa, livre de todos os gastos ; e a receber essa metade pelo preço certo de 480 mil cruzados, ou 32 cruzados o quin– tal , que era o preço desde muito estabelecido (2). Como operação dé comércio não há negar que era de muito proveito para o soberano mas o produto sumia-se logo na voragem dos gastos desordenados :·no t~mpó de D. Sebas– tião para a jornada de África, no de D. Henrique para (1) «Vengono le navi di Portugallo con reali e vini della terra' medesima, e malvagie, e alcuni drappi e rasce, ma non malte». (Cartas de Filipe Sassetti, ed. Florença de 1855, p.. 348. Carta de 4 de Novembro de 1585 para Bernardo Davanzati) . . (2) Cf. «Relazione dell'ambasceria di Portogallo, presentata 4 M arzo 158 rn, documento. veneziano em: Ranke, Die Osmanen imd die spanische Monarchie im 16 und 17 Jahrhundert, Leipzig, 1887, pág. 544·
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