AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

' - A 1NDIA E O CICLO DA PIMENTA 135 ram mais tarde à mesma sorte fatal. A opulenta firma dissolveu-se na falência , morrendo na prisão por dívidas um dos representantes .' Os Hochstetters e Affaitatis, insolventes , experimentaram a humilhação das concorda– tas, sumindo-se em seguida. Os Fuggers ainda lograram salvar da grandeza antiga considerável propriedade imobi– liária, constituída em vínculos, posto que onerada de h~poteças. Das casas alemãs que tinham iniciado as operações da pimenta com a coroa portuguesa somente a de lmhof liquidou em plena prosperidade (1). Perdido em Flandres o crédito, indispensável para levantar dinheiro sob a garantia do Estado, e, por motivo semelhante, havendo dificuldade em colocar no reino os padrões de juros, recorria-se ao alvitre de vender adian– tadamente, a· especiaria, entrando logo a importância na Casa da fndia. · Chegados os navios, entr~gavam-se ao comprador os géneros e extinguia-se a dívida. Mas nem sempre assiin era, como sucedeu, por exemplo, em I 565 , s~ndo pagos os adiantamentos em tenças perpétuas, de juro de cinco 'por cento, e retendo a ·coroa , para uso próprio, a fazenda que por direito lhe não pertenéia. Era o meio de acudir a despesas urgentes de África e das armadas, evitando a· usura - «porque com a parte das ditas esp~ciarias e proveito delas se poderão suprir as ditas despesas sem se tomarem mais dinheiros a câmbio)) -, com louvável franqueza declarava· a ordem régia (2). Sem gosto desmedido aceitariam os defraudados a troca e a (1) Ehrenberg, Z eitalter der Fugger, 1. 0 , p. 209, 217, 322, 186, 2 43 · (2) Alvará de 1563. Col. de leis da dívida pública portu- guesa, pág. 151.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0