AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
134 fPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO Alcácer-Quibir (1). Sabemos de tais casos pelos padções de juros que os atestam; outros haveria que, à míngua de documentos, não é possível individuar. Desde o rei– nado de P. Manuel que a · venda- de títulos de juro constituía recurso ordinário da Fazenda Real. No 1 tempo de D. Sebastião e D. Henrique as obri– gações do governo português negociavam-se a 4 5 e até 40 por cento do valor nominal, o que assaz indica ser considerável a quantidade em giro na praça, entregue aos fornecedores do Estado, e o descrédito em que, por falta do embolso .nas datas próprias, haviam caído esses tÍtulos. Quem por seus contratos tinha de fazer pagamentos à coroa solvia parte com essas obrigações adguiridas a baixo preço, e entregues pelo valor inscrito. Conrado Rott, de quem era o contrato da pimenta desde 1 570, não deixou de utilizar tão vantajosa faculdade, e sabemos que os· Fuggers lhe cederam por metade do valor 1 5 e meio contos de réis da dívida portuguesa (2), transacção que certamente o contratador repetiria com outros. Sem em– bargo do que, em 1 580, teve de· declara·r-se em falência e largar o contrato, passando-o, por arranjo com os cre– dores, ao italiano João Baptista Rovellasco, antes associado nele, e ma-is tarde falido, como o predecessor. Tais eram os riscos de um negócio na aparência excelentÍssimo. Para transferir o contrato e desinteressar os ci:,edores, mi– nistraram a soma precisa os W elsers, que já haviam tido, participação com Rott (3). Também aqueles não escapa- (1) Colecção de leis da dívida pública portuguesa, doe. de pág. 157, 16o, 163, 167. (2) Haebler, Geschichte der Fugger'schen Handlung in Spanieri,. P· 4°· (3) Idem, p. 226.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0