AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

128 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO 1 :400.000 cruzados. E como estas despesas, na· maior parte,' se fizeram com dinheiros emprestados, computa– va-se em 2:200.000 cruzados o total dos juros no período desde a aclamação (1). Destes juros se achavam em dívida 1: 946.000 cruz·ados, e com eles dobrava o capital em quatro anos. Assim: do que a fndia podia dar , aproveitava principalmente a agiotagem cosmopo– lita, e aproveitava a Espanha. O Estado português, esse, como se diz na língua popular, cada dia mais se empe– nhava . Da prosperidade geral do país se julgue pela insi– gnificância das somas pedidas às Cortes, sucessivamente 1 oo, 1 50 e 200 mil cruzados, no espaço de vinte anos, em comparação das dívidas. O produto do empréstimo é crível fosse consumido por necessidades ocorrentes~ ficando no esquecimento os credores. • Conta Manuel Severim de Faria que D . João III veio a quebrar neste ano de 1 544, com três milhões de cruzados de dívidas em Flandres (2). Se por isso significa a suspensão formal de pagamentos, que constitui a falência, não é verdade. Renovavam-se letras , com adição dos juros, na ocasião das feiras, e a fascinação da pimenta conferia-lhes um prestígio, que não tinham as obriga– ções dos reis de Espanha ou França, de crédito muito abalado nos meios capitalistas. O chantre de Évora funda a afirmativa em um passo mal lido d~ Duarte Gomes Solis, que dá o facto por sucedido em I 555 ~ (1) «D espesas extraordinárias que El-Rei D . João III fez aesde o tempo que começou a reinar até que fez terceiras Cortes em Almeirim no ano de 1544». - Sousa, Anais, p. 415. Redução ao valor actual: possessões, 309. .51 0 c.ontos; C<!samentos, 253.400 contos; juros em 23 anos, 398.200 contos. (2) Notícias de Portugal, 2.º, 182.

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