AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
14 EPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO pertencia. E não se eximia às usurpações a do próprio soberano. Disseminada pelo território, e -rodeada de vizi– nhos ávidos, experimentou grande quebra, até que, no reinado de Afonso III, pelas Inquirições, o cadastro pre– dial foi revisto, e dentro do possível se corrigiram os abusos. Nessa época as terras da coroa achavam-se divididas por duas classes de ocupantes, foreiros e rendeiros , uns e outros obrigados a presta9Ões em géneros, moeda, _ou trabalho, e, como era P!Óprio das condições da monarquia, ao serviço militar. O rei, principal lavrador da nação, tinha por toda a parte celeiros e adegas, onde por seus mordomos recolhia o produto dos foros e rendas. Estas últiqlas com frequência opressivas, montando em geral, nos dois géneros mais abundantes, o vinho e o pão, naquele à metade, no outro. à terça parte da colheita, além do mais em produtos diferentes ou dinheiro. Sem embargo, gozavam os ocupantes da liberdade pessoal, havendo-se transformado nesta espé'cie de escra– vidão económica a servidão legal anteced(mte. Do mesmo modo, nas ter~as doadas, as duas \classes de cultivadores existiam. Em torno da igreja rural, erigida pelo senhor ou por vizinhos piedosG>s; dos mosteiros, enriquecidos por liheralidades régias e dádivas de parti~ulares, em que se exprimia a -fé; do castelo, de onde emanava a lei, e sítio de refúgio em ocasiões de perigo; aglomeravam-se os fogos, formando o centro · de uma unidade económica, que com poucas falhas bastava a si própria. Periodica– mente as feiras equilibravam produções e consumos, davam lugar a que as faltas e sobras redproc~mente se compensassem na soma das transacções . Na ongem pro-- .. ~ " n •
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