AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
A 1NDIA E O CICLO DA PIMENTA 12~ andarem os funcionários da Fazenda à cata das pessoas com dinheiro disponível, às quais persuadiam, se é que– não impunham, empregarem parte dele no emprés– timo (1). Era, como acertadamente diz um historiador,. uma grande emp..esa comercial tentada sem capitais C} Com a agravante, também própria de semelhantes aven-. turas, de serem dissipados os lucros em gastos pessoais: e outros do dono do negócio , e nada se pôr em fundo. de reserva . D. Manuel, a quem Albuquerque insinua·va da fndia que por aquela empresa viria a ser o mais opu– lento soberano da Europa - «Não creio que na cristan– dade haverá rei tão rico como Vossa Alteza» '_ (3)~ aceitou de bom grado a sugestão, e ostentou em sua vida o fausto de um potentado oriental. Em resultado, legou ao filho uma herança embaraçada· e dispendiosa, que em pouco tempo o conduziu à situação do mercador ferido no crédito e ameaçado de falência. Ainda nos tempos áureos o numerário faltava para muitas despesas do Estado, das quais os contratadores se incumbiam, encontrando as somas adiantada·s no custo da especiaria. Nos anos de I 508 a 1 o, João Francisco. Affaitati. é quem paga os gastos das praças de África (1) A fóroiula era a seguinte: «E porquanto F.. ., de _algum dinheiro que tinha para empregar em alguns bens de raiz, qms, par me servir, deixar de os comprar, e se concertou comigo e me comprou tantos mil reais de juro em cada ano por tanto, etc.». (Documentos: transcritos em Colecção de leis da Dívida Pública Portuguesa, p. 138- e passim) . O padrão de 27 de Fevereiro de 1528, vendido a D. Beatriz de Portugal, reza: «E sabendo eu como tinha algum dinheiro, que queria empregar em heranças e bens de raiz, houve por bem de lhe mandar cometer que quisesse comprar de mim algum juro, e ela por . me servir aceitou de me comprar, etc.». ld., p. 137. (2) Fortunato de Almeida, H istória de Portugal, 3.º, 595· (3) Cartas, I .º, 34.
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