AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
122 fPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO desta às de Junho e Setembro - se reforma·vam as letras de c~mbio e acumulavam os juros (1). A taxa em tempos normais regulava de 3 a 4 por cento, por intervalo de feira, fazendo 1 2 a 1 6 por cento ao ano; raras vezes acima. Era quanto o Imperador e o governo de Flandres pagavam. Em I 544 os Juros da dívida portuguesa, pela feitoria, dobravam o capital em quatro anos (2). Não havia razão para· que o rei de Portugal pagasse -mais que o Imperador, que não tinha as finanças em melhor situa– ção. Carregasse o feitor nas contas 4 1/z por cento pelos 4 realmente devidos, e tanto bastava: para em quatro. anos, a juros compostos, duplicar o principal. Assim pensa um autor que estudou a matéria por miúdo, .e talvez sem agravo à memória do feitor (ª). Em Portugal, desde 1 5 2 8, se não de a:n tes, se ven– diam padrões de juros, para acudir aos gastos das armadas, ao juro mais moderado de 7 por cento. Em 1 530 se fez o, mesmo, para embolsar a Carlos V dos 35o mil cruzados porque alienou o direito às Molucas, desta vez a juro de 6 ¼ por cento. Nos títulos respectivos há o cuidado de excluir a ideia de onzena, proibida pelas leis divinas e humanas, dando a entender que era o juro a compensação, de lucros de outra espécie, a que o mutuante, por servir a coroa, renunciava. Também dos mesmos se colige (1) Cf. Sousa, Anais de El-Rei D. João III, p. 403. As épocas destas feiras variaram depois, conservando todavia as designaçõe~ antigas, que nem sempre correspondiam às datas, e acabando por ser: a 10 de Fevereiro a feira Fria, 10 de Maio a da Páscoa, 10 de Agosto Pente– costes, 10 de Novembro Bamasmarkt, nome popular da feira de S. Bavonio, santo belga, cuja festa se celebrava no 1 .º de Outubro. (Ehrenberg, Zeitalter der Fugger, 2. 0 , 9 e 13). (2) Sousa, Anais, 417. (3) Ehrenberg, em Zeitalter der Fugger, 2.º, 53.
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