AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

120 .ePOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO també.µi negociante. Em país de que a indústria pacífica \ consistia principalmente na agricultura, ele era proprie- tário rur~l, e o maior de todos. O mais certo de seus réditos vinha-lhe dos produtos da terra: da que por sua conta se cultivava; da cobrança das rendas e foros; das quotas parciais na exploração agrícola. Assim nos primeiros séculos, e até que, sobejando a moeda, foi possível solver por meio dela as prestações. Alguns tributos se recebiam igualmente em géneros: tal o imposto de consumo sobre o vinho. Os mordomos da coroa arrecadavam os produtos e faziam as vendas, de sorte que em toda a parte ela se achava presente nos mercados. De como o soberano, usando do seu poder, excluía a concorrência, dá testemu– nho por exemplo o privilégio do relêgo, mediante o qual, . nos três primeiros meses do ano, do vinho existente nas povoações somente se vendia o_perten<::ente ao fisco. O que de fora viesse estava isento, mas pagava ao entrar no.~ sítio direi"tos proibitivos. Quando se descobriu o caminho da fndia, o monopólio do Estado estab.eleceu-se desde logo. Os descobrimentos alargavam o âmbito das opera– ções em que figurava a coroa, pelo quinhão desta no despojo colonial. Escravos que se vendiam no mercado interno; marfirrÍ, malaguetas, peles, embarcadas as maio– res quantidades para as praças estrangeiras; o açúcar, produção das ilhas do Atlântico, com que se abasteciam Flandres, Inglaterra e os portos de Itália; de tudo havia nos armazéns da coroa, em tudo ela negociava. O estabe– lecimento da feitoria real em Bruges, depois transferida para Antuérpia, rematou a transformação da monarquia com fundamento na agricultura em potência comercial~ 11 0 rei; que fora o principa~ rário, era' agora tambem o pnnc1pa mercaclo~ «.....:.:.. -

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