AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

118 I:POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO produtos da guerra, financiava a empresa. Armadas. e mais armada:s eram o de que se precisava no Oriente. Delas, .e por onde quer que andassem, provinha a maior receita, representada, conforme a enumeração, em páreas, presas, tomadias e resgates de cativos. Com isso, e o pro– duto das mercadorias, que também traziam as armadas, se ocorria aos gastos da administração. «Pagam-se de aqui - dizia o vice-rei - soldos, casamentos, dádivas, e em– baixadores de reis mouros e senhores que vêm a mim» (1) .. Quanto os feitores agenciassem, por via de negócio,. ficava livre para a coroa, e lá ia no retorno em especiarias. Por este modo se justificava · uma administração perdu– lária e custosa. O que faltava em realidades no presente sobrava em esperanças p·ara o futuro. Quando a estas se aludia de Lisboa, talvez com cepticismo, Albuquerque, seguro de si e dos projectos que tinha em execução, mani– festava a sua confiança: - «De cá esperareis de vos ir mui to dinheiro e mui to oiro: nisso não tenha Vossa Alteza dúvida nenhuma» (2). · Sem embargo, o oiro do Preste João, em que o vice-rei confiava, não veio nunca, como não vinha o daquela Áurea Quersoneso, que a tradição situava em Malaca, e de cujas minas se pedia de Lisboa informação. Quanto ao sistema preconizado de obter pelas armadas a totali– dade dos recursos para a manutenção'_da empresa, é de toda a evidência que não podia aplicar-se indefinida~ mente. Pouco a pouco iam falhando as verbas, de que somente a força assegurava o recebimento, e houve de sé recorrer, como base da-exploràção, aos métodos usuais do comércio, em que a mesma fora concebida. (1) 30 de Agosto de 1512. Cartas, 1. 0 , 71. (2) 20 de Outubro de 1514. Cartas, 1,º, 273.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0