AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
116 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO D. Francisco de Almeida, em 1 5o5 , foi-lhe recomen– dado que, do despojo de Sofala, sendo este superior a 50 mil dobras, mandasse logo 20 mil a Lisboa , pelo mais: veleiro navio, e tudo o mais, que excedesse de 30 mil,. fosse reservado para empregar na especiaria (1) . Recomen-– dação sem efeito, porque em Sofala não to_cou D. Fran– cisco de Almeida, e o despojo de Quíloa e Mombaça ficou. muito abaixo daquela soma; •sucedendo que, na última povoação, o tesouro do régulo, em que o capitão-mor– fundara altas esperanças, se achou constar de dois cofres; vazios. Do conteúdo jamais se apurou se o tinha levado o dono em fuga, ou se, na confusão do assalto, o repartiram. entre si os primeiros chegados. Esta segunda opinião foi talvez a de D. Francisco de Almeida, pois dele nos. refere Castanheda que - «por não ser tempo para outra coisa dissimulou com a ruindade que lhe aquilo pare-– ceu» -, e mandou continuar no saque (2). Em ocasião, semelhante pereceu o vice-rei , cinco anos depois, na Aguada de Saldanha, às mãos dos cafres, não querendo, os selvagens deixar-se espoliar à viva força de seus gados. Em 1 509, no assalto a Calecut, foi morto o Marechaf D . Fernando Coutinho, e ferido com gravidade Afonso, de Albuquerque, quando os nossos, desordenados no saque, tiveram de retirar largando o fruto dele. «Do que· - refere um cro~ista que bem lhes conhecia•o Íntimo - tiveram mais paixão que dos que ficaram mortos e feri– dos» (3) . Não estranhemos os factos nem nos indigne-– mos. Em todos os tempos e em toda a parte, as empresas. (1) Instruções em Cartas de A fonso de A lbuquerque, 2.º, 284. (2) Hist. do descobrimento e conquista da Índia, Lív. 2 . 0 , cap. 6,,,, (3 ) Gaspar Correia, Lendas da índia, t . 2.º.
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