AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
A fNDIA E O CICLO DA PIMENTA 115 Nos primeiros tempos ,· e antes de se adoptar o sis– tema dos contratos, também a coroa expartava pimenta ,de sua· conta para Flandres; bem como açúcar, malagueta , marfim, e mais géneros de produção colonial. As contas ,do feitor Tomé Lopes mostram que nos anos de 1498 ·a I s'os lhe foram consignados 5 . 000 quintais de pimenta, .sendo 600 da Guiné, e acima de 2.000 de malagueta, além de outros produtos de Africa e da índia em quanti– dade inferior (1). A troco destas mercadorias fazia-se a -importação de muitas, de que se alimentava o tráfico, e que faltavam para o apresto das frotas: prata, cobre, ,chumbo, azougue, salitre, panos, armas, e até biscoito ,que se consumi~ nas viagens (2). Na realidade ,este ,comércio ~da fnd1a para os portugueses era quase so de trânsito. Da produção doméstica pouco mais para lá man– ,davam que o vinho, e esse em porções módicas , por ser .destinado un·camente aos europeus. Lisboa permutava os géneros do Oriente pelos que outras nações , mais ricas e industriosas , forneciam. Ganhava a diferença nos preços de compra e venda, e o que se arrecadava em tributos e presas. Estas últimas assaz rendosas, no período inicial; ,quandó, porém, no âmbito vasto das conquistas a paz reinou, e não houve mais régulos a submeter, nem povoa– -ções a saquear, nem frotas abarrotadas de carga a apreen– ,der , verificou-se que os lucros comerciais, e as imposições aos soberanos vassalos, de cobrança incerta, não davam para o custo da exploração. O hábito levava a considerar as pre_sas, que eram um -acidente, fonte contÍnua de receita. N a viagem de (1) Carta de quitação em Arq. Hist. Port. , 5.º, 477. (2) Ibid.
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