AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
114 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO negócio sucessivamente transferiram a sede para a nova feira de géneros do Oriente, que os portugueses abaste– ciam. A de Hochstetter desde 1498; em 1508 vieram os W elsers, que já directamente tinham ido comerciar à fndia; em 151 5 Fugger, grande fornecedor de cobre e pr·a-ta, e de aprestas náuticos, no tempo de D. Manuel e D. João III. Os florentinos de r 5 r 2 a r 518; genoveses só mais tarde, cerca de 1522. Em 1494 já lá estava a feitoria portuguesa (1). Esta era o lugar de mais conside– rável negócio em Flandres, e quando, sem outra desig– nação, se falava em feitor, entendia-se logo ser o do rei de Portugal. Todas as especiarias eram vendidas, como já vimos, na Casa da fndia, e, por mó_tivo das enormes somas neces– sárias, e risco da operação, tratando-se da pimenta junta– vam-se os compradores em consórcio, e em consórcio faziam os seus embarques e dispunham dos carrega– mentos. Deste modo constituía sempre o produto objecto de monopólio: .,.. monopólio da coroa em domínios portu– gueses; monopólios dos contratadores fora deles, porque se obrigava aquela a não vender a outrem durante certo período ajustado. Sem embargo, não tinham os do privi– légio lucros tão consideráveis como a fama deste comércio leva a imaginar': 1 o a 1 3 por ·cento nas épocas normais, em que nã~ havia: margem para a especulação. Os gran– des proveitos eram do Estado português, pelas condições especiais em que adquiria os géneros na origem. Sobre isso lucrava ainda de 1 1 a 2 2 por cento nas mercadorias remetidas para a permuta, segundo a qualidade, o que tudo somado montava a muitos milhões de reais. (1 ) Ehrenberg, 2.º, 4, nota ·2.
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