AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
110 ~POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO parecia um daqueles soberanos das lendas, possuidores -de tesouros sem fim. A Miscelânea, de Garcia de Rezende, fornece-nos depoimento seguro do que era a tal respeito a opinião coeva dentro do país. No reinado de D. João III, aí por I 536, as rendas públicas, anti– _gamente de 60 contos anuais, montavam a 200, e mais outro tanto adquirido pelo tráfico do Oriente e costa .da Mina. Na Casa da fndia onde pelos Vedares da Fazenda se realiza·vam as vendas da especiaria, as transac– ções atingiam grandes somas: Alguma vez 700 mil cru-. 2ados em uma só operação. O poeta palaciano celebrava .a magnificência da corte e a liberalidade régia. À roda -do soberano cinco mil apaniguados desfrutavam. mora- -dias , dotes de casamento, tenças e as demais verbas por onde se exauria o melhor dos tesouros recolhidos (1) . E nesta parte não havia o exagero que se pode imputar .ao cálculo dos lucros comerciais. Ao cliegarem as naus ao Tejo toda a merc;adoria - -desembarcava para os armazéns, na ribeira, pertencentes - à Casa da fndia, sobre os quais se alçava o palácio real .Ali foi de 1 505 em diante o solar do governo. Como •qualquer mercador da escola antiga, D. Manuel estabe- .___ leceu a residência no local do seu comércio. Por baixo, Í nas lojas , sentia o rumor dos fardos que arrastavam, das \ ( 1) A corte de P ortugal Vimos b em pequena ser , Depois tanto enobrecer Que não há outra igual Na cristaEdade, a meu ver : Tem cinco mil moradores, Em que entram muitos senhores. A que E l-rei dá assentamentos, Moradia:s, casamentos, Tenças, mercês e honores.
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