AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
\ A fNDIA E O CICLO DA PIMENTA'. 100 cobrira-se o novo Pactolo, de que se cria a linfa inesgo– tável. Tristão da Cunha contava orgulhoso que el-rei lhe havia feito mercê da viagem para ele, capitão-mor,_ aproveitar. A Lopo Soares, nomeado governador da índia,. ofereceu D. Manuel 20 mil cruzados, para desistir do. posto, soma · que hoje representa quase seis mil contos, e que O agraciado, na _expectativa de ganho, recusou (1) .. E est~ forma de considerar os serviços na fndia perma– neceu invariável, salvo excepções raras e perfeitamente anormais. A maior ou menor quantidade de pimenta era o que importava, e ninguém atribuía: outro fito à expansão e conservação do domínio que o interesse comercial.. Quando em I 538 D. João III pensou em mandar à índia uma armada 4e quarenta naus , a contrapor às. esquadras, que os Turcos aparelhavam para nos expulsar, muitos fidalgos, que usufruíam comendas, se escusaram.. Alegavam que o descobrimento .se fizera para fins de trato e comércio, e não, como as conquistas de África,. de guerrear os infiéis; por isso não se achavam obrigados. a ir na armada. E, como o soberano insistisse, amea– çando privá-los das comendas, apelaram para a Mesa da. Consciência, que lhes deu razão (2). Por esse motivo· teve de ser reduzido o armamento ao número módico de doze naus, com a respectiva proporção nas forças. ___ _ combatentes. Os valores que por efeito das navegações afluíam a Lisboa eram o deslumbramento de naturais e estran– geiros, e aos olhos da Europa atónita o rei de Portugal (1) Costa Lobo, M em~rias de um soldado da lndia, 158. (2) Couto, Déc. 5.a., L1v 3-°, cap. 8. 0 •
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