AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
A tNDIA E O CICLO DA PIMENTA 105 pagar D. Manuel com grandeza semelhante os servi– ços (1). Ele próprio, como cada um dos outros, se não descuidava de alegar seus feitos e requerer o galardão. - «Lembro-vos, senhor (escrevia ao rei) que se fazeis fundamento na índia- e minha pessoa acabar nela, que me deveis fazer grande mercê e muito rico». - E adiante: - «Mercês a Deus e a Vossa Alteza, dinheiro tenho já» (2) -. Acrescentava se; aspiração sua possuir em cofre 50 ou I oo mil cruzados para empregar, quando mister fosse , no serviço real. Este era sempre o motivo indicado, e sabiam todos que dinheiro por este modo gasto voltaria duplicado e triplicado por mercês várias no fim. Nada, pois, admira que em torno de tais postos tantas ambições e enredos fervilhassem. Das quintaladas cobrava a coroa, como já se disse, por direitos seus a metade; e assim da carga dos negocian– tes, do mesmo modo que do valor das mercadorias por estes expedidas. Depois, porém, se reduziu o imposto das quintaladas e lotes dos particulares ao quarto e vin– tena, isto ' , ·a quarta· parte dos géneros para o Estado, e mais cinco por cento com aplicação às obras do mosteiro em Belém. N ~stas condições fora o ajuste com os mer– cadores alemães e italianos, cujas embarcações tomaram parte, em 1 5o S, na expedição de D. Francisco de Alm~ida, e seriam outros, antes e depois, com diferentes armadores. Da mesma forma• pagavam o quar,to e vintena os ·géneros de que a coroa não tinha reservado para si o (1) O teor da provisão era que ficasse na ~agante do vice-rei com os mesmos ordenados)) . Góis, Crónica de D. Mam,el, Parte 2 .ª cap. 37·º· (2) 11 de Dezembro de r 51 2 . Cartas, r.°, 362.
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