FREITAS, Joaquim Pedro Corrêa de. Ensaio de leitura: para uso das escolas da amazonia. Pará: [s.n.] 1910. 447 p.
-36- pares, miseraveis choças nos desertos, ou em grutas; maceravam o corpo com açoutes e faziam nos braços e pernas profundas feridas afim de acostumarem-se á dôr e á coragem: os selvagens os veneravam e tinham-n'oa em conta de entes sobrenaturaes. Os selvagens tinham conhecimento, posto que imper.. feito, das artes mais necessarias aos homens. Omenino, apenas nascido, era mergulhado n'um ba– nho afim de endurecer-lhe os musculos e tornal-o forte e sadio, e depois pintavam-n'o de vermelho e preto. Quando os parentes ~ amigos vinham felicitar o pai, encontravam-n'o deitado n'umarede,onde se conservava quinze dias, emquanto a mãi continuava nos seus tra– balhos domesticos. O casamento nada o1ferecia de ceremonioso; o pre– tendente pedia a mulher desejada ao pai, e este entre– gava-lh'a logo, ou punha em tributo o empenho do amante, fazendo-o primeiro trabalhar em suas roças. Era permittido ao guerreiro casar-se com tantas mu– lheres quantas lhe fosse possivel sustentar. Este cos– tume barbaro só era observado pelos maioraes, a quem eram mais faceis os meios de subsistencia. Nas molestias eram os selvagens tratados com o na– tural desvelo pelos amigos e parentes. Ao que morria choravam as mulheres, parentes e ami– g{\s. que junto do cadaver vinham recordar seus feitos e proezas ou·exhalar a dôr em lamentações; na cova, a
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