BAENA, Antônio Ladislau Monteiro. Discurso dirigido ao Instituto Histórico e Geografico do Brasil. Maranhão: Typographia Maranhense, 1844. 150 p.

Attrlbue-se ao meu estilo o senão de alfectado, guindado e redun– dante: e diz-se que nisto lomei por modelo o de Berredo. Pode ser que assim pareça o meu theor de escrita: mas afümo aos meus inclitos Censores que nisso não copiei Berredo new outro algum autllor: escrevi como sempre costumo: escrevi como outros muitos, que não esr.revem a gosto alúeio, mas sim a capricho seu, e que comtudo desfructfo o apreço de todos aquelles que tem perseverança desapaixonada em dar o ju~lo valor ás cousas sem mais affeição. Aponta -se as expre:.sões sociedade doce, memoria doce-, como exem– plos ue g a ll.ici:,mo:, u:1auos por mim. Eu empreguei este adjeclivo doce no sentido . figurado, que vale mesmo que agradav el: nisto segui os bons Classicos Portuguezes, nos quaes vejo doce memoria ou lembrança, doce engano, doce mone, doce de fazer, &. Do uso de alguns Lati– nismos poderei ser tar l1ado, não de Gallicismos, porque a minha lei– tura de obras Fraocezas he sempre sacudida com o· espanador de Bar- 1·os, de Vieira, e de Lucena, se_gundo reco1n enda o Padre Francisco Ma– noel do Na~cimento, moderno Corifeu da boa Ioqnela. Traz-se como exemplos de vocabulos empregados sem propriedade cs que cm it-a li r.o vão transcritos nas s 1,uintcs expressoi:is=E auxllião a conglu tinar na sua amisade todos os mais Selvagen=Recorre ao Go– -vernador do Estado para que lhe disJipe a ultima clausula da sua in– bibitoria. = Passa va a endereçar uma representa ção robusta.=Do verbo ~onglutinar usei na mesma accPpção tomada por Cabral na sna jurlicial pratica: o ouu o verbo dissipar he synonimo de desfazer, e se o não he merece uma emenda no Vocabnlario da Língua Portugueza: e o adjec– ti vo robusto servio-me na mesma significação figurada do adjectlvo ner– voso: se não era novo, nem condenado o dizer razões nervosas, qu_'fl be o mesmo <Juc expressar razões robustas. como podia eu considerar impropriedade em exprimir representa çao robusta '/ Creio t 1 ue nao he des– n atural de um animo robusto uma queixa ou representação robusta. E que se dirá da fra se= alrna cabel111da=-nsada pelo Padre Francisco l\'l'a– noPI do Na,~cimento? Pode-se por ventura Pntrn~trr que por ella se nos f) uiz dar a idea de mna alma com cabellos, e c-a bl'llos longos? Finalmente como ex.emplos de neologis:JJO se marca o uso dos vo• cabulos piscalivo, nascentrlll, silvano, ancillar, frondejado, empecifha1·, .:ommunitativo, abundançoso, diluviar. De 1.odas e~t~s palavras e de ou•– t ras mais, que entreteci na minha composição, nao sou eu o cri'ador: nã o me sinto com authoridade para tanto: eltas se achfio nas otras elo ja tantas vezrs citado Francisco Manoel do Nascimento, do Visconde de São Lourenço, de Sil vestre Pinheiro Ferrrfra, e de outros mais qne abas– tados de sci1~ncia e clisce rn l'nte juizo corrêrão o estadio ermJito entre o mode'rno estilo e a prisca falia, e s.e constitui rão o ornamento da Lillg..

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