Discurso Dirigido ao Instituto Histórico e Geográfico do Brasil

Portanto o Brazil desde 1.500 alé 1652 teve 5!i annos em que não recebro coloni.1s, e o re,Lo do iattrvallo foi de grnndcs perdas pelos roubos e excessos commcllidos no M'U mar territorial e na costa pr,r Corsa rios e l'ir,,tas Francezes tolc1 ados pl'lo Gonrno 1laquclla u,,ção em respeito ao seu estado interior e tenuidade de> suas finanças: cirrnns– tancias pujantes que os foziüo continuar não obstante as minas qne IDUita vezes lhes produziào os cruzeiros l'ortuguezes: não ~endo tambcm meuos nocivos ao adiantamento das povoaçüe, os aventurcirÕs da me,ma l•'rança, que busca,ão eMabclecer-se 110 paiz pela cobiça, que no anuo de 1.531 comcrara a haver da, cousas de l'orlngal na Inglaterra e na França, e dizi~o q 1 1e era para remir do catil'elro os ;\rnericauos, que se achavão mortificados com um jugo intoleravel. Tão antigo he o as– soalhar uma cousa para dissimular outra! A protecção dos tmlios ser– via de capa á paixão de ajuntar riquezas. Diz mais o mesruo reprehcn;or « que a Provincia de J\linas Gera!'11 de,de o seu começo, sobresabio sempre cm população ás outras a des– peito das copiosas riquezas, que se exhauria cio seu ten itorio mediante o horrível tributo da capitação, quinto, e outros, que alimeotavão na l\letropoli e com espanto&a dissipação o luxo religioso e o da Corte no estilo Assiatico n • Este tdxe de aq;uições vagJs e affectadas se desfaz pelas rJzões seguintes. l\ ,io foi a Província ·c1e l\linas Gcraes a unica que allrahio moradores: a da B~hia de Todos os Santos a prece-– deo nessa atlracção, em que entravão alem dos Portuguezes trausplan– tados os Americanos das outras Provincfos: e chegou a ver os mesmos llabitantrs das Ceraes aproveitarem-se da abunclanci.i do seu ouro quando este metal se tornou escasso naquella Provincia: agora mesmo se está o11li renol'ando scena semellldltte. O lu'Xo Assiatico da Corte não ckstroe a opinião de que o ouro das mais ricas minas do Brasil tolheo o in– teiro desenvohimento de toda a indu~trl,,. Não foi rllc o primeiro que Portugal tem O!,tentado: já em 1279 cento e sessenta e tres annos antes que Antão Gonçalves, Guarda-Roupa do Infante Dom Urnrique, trouxesse de Guiné o primeiro w1ro em pó era tão notavel que El-Rei Dom Diniz comia em mesa toda de prata: e em 1370 os rPmeiros da Galé Capi– tanea da Esquadra mandada a conduzir a Infanta Dona Leonor, filha de Dom Pedro Hei de Aragão contratada a casar com El~ [lei Dom ·Frr– nando, hião vestidos de seda variegada, e todas as mais Calés soberba– mente adornadas, e lcvavão para dilfereotes despezas o cahedal de úSOOO marcos de ouro segundo refere Frei !\lanoel dos ~antos no Tom. 8. 0 da Monarchia Lusitana Li\•. 22 Cap. 16: e no reinado de Dom Jofio H. era amado o luxo a despeito dos justos pens~mcntos d~s Rhetoricos, dos Aloralislas e dos entendedores da Economia Politica, dos quaes todos de– Qiamavão dcmoa~traudo serem preferiveis aos gozos dispendiosos da vai- ,-

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