Discurso Dirigido ao Instituto Histórico e Geográfico do Brasil

-iú8- Attribue-se ao meu estilo o senão de alfectado, guindado e redun– dante: e diz-se que nisto lomei por modelo o de Berredo. Pode ser que assim pareça o meu 1beor de escrita: mas afi.-mo aos meus in clitos Censores que nisso não copiei Berrecto nem outro algum autl!or: escreü como sempre costumo: escrevi como outros muitos, que não esr.revem a go,1O allJeio, mas sim a capricho seu, e que comtudo desfructfo o apreço de lodos aqueUes que tem perseverança desapaixonada em dar o ju,to valor ás cousas sem mais affeiçii o. Aponta-se as expre,sões sociedade doce, memoria doce-, como exem– plos de gallicbmo" u~ados por mim. Eu empr eguei este adjectivo doce no sentido figurado, que va le o mesmo qoe agradavel: nisto segui os buns Classicos Por tugueze~, nos quaes vejo doce memoria ou lembrança, doce engano, doce mone, doce de fa zer, &. Do uso de alguns Lati– nismos poderei ser tachado, não de Gallicismos, porque a minha lei– tura de obras Francez~s he sempre sacudida com o espanador de Bar– ros, de Vieira, e de Lucena, segu ndo recomenda o Padre Francisco Ma– noel do Na,cimento, moderno Corifeu da boa Joqnela. Traz-se como exemplos de voca bulos empregados sem propriedade os que em it.aliro vão transcritos nas seguintes ex pressoõs=E auxilião a conglutinar na sua amisade todos os mais Selvagen= Rer.orre ao Go– vernador do Estado para que lh e disJipe a ultima clausula da sua in– hibitoria.=Passava a endereça r uma r epresentação robusta.= Do verbo \:On.glutinar usei na mesmd accE>pção tomada por Cabral na sua j urlicial pratica: o ouuo verbo dissipar he synonimo de <lrsfa ze r, e se o não he mt'rece uma emenda no Vocabulario da Língua Portu gueza: e o adjec– tivo robnsto servio-me na mesma significação figurada do adj ecll vo ncr– \'OSo: se não era novo, nem condenado o dizer razões nervosas, q111i be o mc~mo <1ue expres~ar razões robustas, como podia eu conside rar impropriedade em exprimir represenlaç;io robusta?- Creio que n,,o he des – Ildtural de um animo robus to uma queixa ou representação robusta. E que se dirá da frnse= alma cabell uda= nsada pPlo Padre Fra ncisco l\la– norl do Nascimento? Pode-sr. por vent ura 1>ntruder que por ella se nos quiz dar a idea de uma alma com cabellos, e cabell us longos? Finalmente como ex.i>mplos de ncologis;no se marca o uso dos vo– cabnlos piscativo, nascentral, silvano, ancilldr, frondejado, empecilhar, .:ommunitativo, abunrlançoso, diluviar. De rodas est~s palav ras e de OU • tras mais, que entreteci na, minha composição, nfio sou eu o criador: n;io me sinto com autboridade para tanto: ellas se achão nas oLras do ja tantas vezes citado Francisco Manoel do Nascimento, do Visconde de São Lou1·cnço, de Silvestre Pinheiro FerrPira, e de outros mais que abas– tados de scitncia e clisccrnf'nte juízo corr~rão o estadio erudito entre o moderno estilo e a prisca falia, e s.e consliluirâo o ornamento da Litle:- •

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