MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
COSMOR A M A 105• admiraveis, certos de seus futuros paineis. Entre eles é digno de mencionar o que o pintor belga ' entreviu, enfiando o olhar de terra para .o Guajará, pela travessa Frutu0so Guimarães·. Lá nas águas. da baía - algumas velas errantes. Ao fundo, à direita, a igreja das Mercês, no molde luso das éras coloniais. E, mais ao centro da praça, a estatua do. Dr. Malcher rodeada de palmeiras. O trecho é vivo e flagrante, não sõ de tintai, como de minucias, e reflete, já no inicio da tela, um lindo recanto pa– raense. Ainda gostei mais, porém, do frontispicio aus– téro da Sé, que o seu pincel miraculoso esboçou num surto de realistno. A tinta branco-gesso das, cimalhas, das tôrres, das paredes, traz o caruntlio escuro da invernada, o azinhavre dos insultos ,!tmos– féricos, a "patine", enfim, do tempo, documentando, o ambiente húmido do nosso firmamento, sempre· envolto 1\1.tllitl veu transparente de vapor. Caraça catóiic;:o desmedida e majestosa, tatuc1-da pela intem-· périe reinante, evoca um gigantesco leão de pedra,. olhar parado e na esperança absorvente de engulir e devorar, ·por entre ladainhas e novenas, o ateu. mais recalcitrante. Muitos quadros tenho visto eu da frontaria enigmática da nossa Catedral. Varios pintores a reproduzem, chegando mesmo a ihe emprestar aquele tom vetusto, impresso pelas mãos freirá:ticas. dos missionarios da conquista de almas. Nenhum,. • ,
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