MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
COSMO;RAMA 9 linfa corrente que deriva cantando em busca do, mar. Foram-se-lhe os taludes, as ravinas, os bar– rancos a prumo. Tudo que se ·erguia a pique, den- 1 tro ou fóra das curvas, dos estirões, dos sacados, o aeroplano levou. · ~ Mas a visão perpendicular da Amazônia não '- J) extinguiu apenas os acidentes geológicos que enru- \l J r gavarn a esplanada, não, foi além: devorou · os in- "'-&.->• dividuos bota~icos de larga envergadura. As for– midavejs sumaun1eiras que abrem o chapeu de soT verde sobre o clocel da folhagem florestal apaga- ram-se pa:ra a criatura volatil, que_não pode entre- ver, como balisa meándrica dos curs9s, a maior árvore da Amazônia. · Entretanto, cresce na perspectiva do homem que erra entre- nuvens um cenario maravilhoso de imagens verticais. Repontam as rendas brancas,- os alvos labirintos, as espumas em fracos de armin.ho , as catadupas em capulhos de algodão. Os paineis. extremam-se no branco e no veFde. Aguas e selvas li:oloraim a pintt1ra nas baixadas. O reflexo 'dos la- · gos e das lagôas sobe à retentiva dos navegantes. aereos como olhos do planeta fixos no zenite. ·A teFra adquire, para eles, pilotos da am,plidão, tonalidades imPFevistas, mold,€s caprichosos de lam– brequins, de mataimes, de gregas, de arabescos, de– imagens desconhecidas, ern suma, _para quem mar– cha, a pé no vale. O, aspectos orogênicos apagados com a asa vqlvem-se em chatas planuras. Em vez. • .
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