MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
88 RAIMUNDO MORAIS ' filões auríferos. Vêm do gado colonial em Soure, . Chéj.ves, Itaguari os sólidos haveres dessas plagas,.. alheias às crises que eng.olem o dinheiro de outras. emprêsas. Os fazendeiros, que têm no touro e na vaca a ilustração parabólica de suas fortunas, pai– ram acima das desgraças terrenas. O seu pé de meia é um documento mais resistente que . o proprio pé– de boi, causando inveja ao seringueiro, ao casta– nheiro, ao ma-deireiro, sem,pre sujeitos às oscil~-– ções da sorte. O chifre, desde a época da rena, for o símbolo da felicidade. Da cornucópia jorram ·moe– das de ouro. A abundancia, representada por uma. donzela, de côres vivas, grossa de volume, derra-· mando de um vasto como frutos e flôres, é uma. das mais festejadas cdivindades. Por muito baratos que estejam o quilo da; carne e a tijela da coalhada, compensam o esfôrço de quem se decliqµe a tais mistéres. As mais belas metamorfoses não são as camtadas por Ovídio, sim as que vão do capim-gordura à gorduFa da chã de dentro. O que mais me entusiasma, porém, é ver que a maioria dos nossos criadores já possue a no– ção real sobre os problemas pecuarios. Examinam– se os animais ,proprios ao corte e ao leite de acõrdo, com este clima e a rudeza das pastagens·. Já se– observa o tipo vacwn, num balanço cheio de equili- · brio e de bom senso, ·dentro da natureza amazônica. Ainda não há muito, jantando eu numa roda de ricaços, notei que,' emquanto este falava de p0litic~-
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