MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

·- J • • 86 ' 1 RAIMUNDO MORAIS espírito leva-rne é!: pensar que estou agitando o laço na batida duma rês. Viejo-nie sobre o lombo da montaga, levantado riÔs estribos, prestes a ~rre– messar a corda de co~ro. O meu tordilho vai colado ao comupeto. Lembrança, visão, delírio, fantasia, cavalgando o nada, ou escanchado num cabo de vas– soura, é alegremente que tudo isso me passa pela vista, em s0nho ou acordado. Justifico, portanto, a tendencia pastoril não só dos meus irmãos em Cristo, como ainda dos pe– dreiros livres. Todo homem de letras que monte aqueles bucéfalos do cantor mantuano, lace ou não a preceito, galope ou não de acôrdo com as regras da Cavalaria, vai direitinho para o reino dos ceus. Construir lindos poemas trançados nos chifres dos touros e no úbere das vacas, através de verdes cam– pinas, quando não à sombra de mansas e generosas á~vores, vale mais que construir um navi0. :As "Bu– cólicas" virgilianas representam forças mais vivas que as esquadras inglêsas. De maneira que foi com infinita alegria de quem admira o tipo criador, dol'lo de boiadas, com seu ferro e seu carimbo, que vim encontrar v~rios amigos, afeitos ao ramerrão da cidade, requeima– dos pelo sol dos campos marajoáras. Lamarão, por exemplo, era um deles. A,ntigo prt1lptietario de sor– tida alfaiataria de defuntos, em Belém, voltou-se er,i.tão para a pecÚaria e viu no zebú o que ainda não vira NG cadaver: o lirismo da existéncia con-

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