MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

76 RA.IMUNDO M ORAIS de tronos carpintejados no teatro shakespeareano_ A dramática multidão de coxos e paraliticos, de de– ~répitos e .Possessos, uivando e gemendo, arrasta-se– numa endemoninhada coreia em que ' tresanda o bode e fede a cabra, como se as rosas e os jasmim,. das caçoilas votivas se transmudassem naquela sus– peita essencia de almiscar e mangerona, da qual a . familia respeitavel de PedFo Botelho usa e abusa. nas mipsas negras. E~fim, quando . eu ia falar n'"As Cheganças" desnalgadas de J ulio Dantas, em que o fráde so-· fralda a batina e se requebra em sapateias desespe– rados, descttbro, já no fim d'"A Dansa", a "Rapso-· dia N:egra". "Em long0s, lentos e langues reboleias, um cabra cuéra, bom troveiro e dansador, chama. a namorada na peneira destes v~rsos : Mulatinha bonitinha não havéra de aascê: E' como fruita ma– dura, que todos querem comê. Mulata, minha mu– lata, desco;ijunta esse quadril, que a mulata, quando dansa, tira fogo sem fuzil" . · E' o lundú que a marimba anima e o berim– bau acompanha; é o fandango , é o candumblé, é· ·o samba, é a famiJia em peso do J uca Mulato que apareceu, em suma, quebrando no urucungo do pai , João o cateretê da mãi Benedita. O sensualismo de Martins Fontes mostra-se irradiante e envolvente. Traduz, de certo, literaria– mente, a cieneia freudiana da sexualidade, que re– ponta em todos os aspectos da vida desde que 0 ho-

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