MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
e o 's Mo RAM A 75 1 i greja e de serralho, parece coada nos vitrais de mil basílicas, nas claraboias de mil pagodes, nos zim'borios de mil palacios. Dir-se-ia vir d'alguma ,estrela nunca vista 01:1 d'algum s0l desconhecida, tais as nuances, os reflexos, as somlkas, os raios, ,os panejamentos faiscantes. Imprevisto _encontro ,este meu com o grande poeta Martins Fontes, cujos versos magnéticos têm um cert@poder do iman das agulhas de marear. Falam dos polos, das miragens -e das faiscas elétricas. Um sopro quente de loucura continúa ani– -mando o perfil indecifravel de Salomé, que se re– torce, que se empina, que se dobra, que se alteia e diminue pedind0 ao Tetrarca da J udéa, em me- neios de hetaira, a cabeça amada de João Batista. As figuras polif!Iórf'icas, . da serpente ao furacão, do fumo ao ciclone, da agua à -franja da catarata, -da nuvem ao relampago, da tromba marinha ao ·penacho turvo do vulcão, criam, .nos versos mira– bolantes d"'A Dansa", uma cata:dupa de imagens que se corporificam no froixel cfa seda rútila de todas as teias urdidas no tear aracnídeo do planeta. Mai;avilhosa Salomé dos rondós bandeirantes ! Subit0, ao voltar a pagina da filha de Hero– dias, reponta, num estranho "Dies Irae", a dansa macabFa, alegórica e sinistra sob a égide sacrílega dos duendes. E' um sabbat furioso de velhas bru– xas desgrenhadas, cavalgando cabos de vassoura, semi-mtas, a recordar morcegos bailando em volta •
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0