MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
COSMOR AMA 73. Africa ou da Oceania, desses mares do sul, em– fim, que Balboa descobriu. Mas,. ao cruzar duma estante, . o meu objetivo,. à feição dum sonho, de~encantou-se. Avistei "A Dansa", de Martins Fontes, perdida como Ullla flôr naquele canteiro de livros. Em virtude da co– reia "afer" ter penetrado a sociedade americana. através do jazz, fixei o tomo, quasi certo, entretanto, de que as estrofes estariam, antes embebidas no· macio ritmo grego da belezq. e da luz que no vol– teio retinto, na cadencia ex.ótica do tempo dos vi– ce-reis no Brasil, flagrantemente surpreendido . pelo olho fotográfico de Luiz Edmundo e pela visão ra– diosa do mago demiurgo da "Casa Grande ·& Sen:. zala". Tarnbem podia ser, pensei, que algum irmão ou irmã do "Juca Mulato", alta concepção desse · festejado e admiravel Menotti de} Picchia, soció– logo "dou'blé" de trovador, andasse animando, "A Dansa'' de Martins Fontes, no 1.mitar sapateado· da locomotiva, ou, quem sabe? nalgum lance velu– doso e egipoiaco das aias de Cleopatra, às mar– gens do Nilo. Abr:o então o volume. Foi como se tivesse en– contrado ao ar livre, debaixo da claridade solar, a ronda vinda dos bailados longínquos da Inclia até os dias atuais de I sadora Duncan. O verso da alegriar aceso na chama rubra pelo citaredo protegido das musas, parece ter sido escrito sob a eurva polier6- mica do arco-iris. A confusão de tintas evoca tem- • 1
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