MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

' ' -, 72 • RAIMUNDO MORAIS A minha antrnp.ogeografia encalçava-se, pois,. na de Frobenius; a minha euritmia afropelava-s~ ao rebôo dos tambores sudanescos; o meu plano, mental remarcava os deuses bantús, a terra e a agua do Tigre, as florestas e as pedras do Cottgo; em suma, visava a· encarvoada familia de Cham. Re-– bouças, Patrocinio, Tobias, Lima Barreto, sim'bo– los escuros da inteligencia brasileira, . desenhavam-se– no; quadros por mim imaginados e forçavam-me a olhaF para o negro com o cuidado e a simpatia que– nos despertam os entes combatidos. O preconceito de raças, dentro do qual o povo– "yartkee" arquitetou a lei de Linch, abriu_ entre as duas grandes nações colombianas, do Norte e do Sul, um hiato curioso. Porque nós, destas rechãs,. divisamos o preto através daquele afeto , racial de quem não pretende atestados de pureza ariana. O americano do pavilhão estrelado é irredutível; e não se impressiona sequer com a figura de Esopo, o escravo que foi tambem o embaixador cl:e Creso junto aos tiranos de Atenas. No entanto, as fá– bulas do filósofo humilde ainda hoje representam,. pela beleza verbal, pela síntese ctdtica e pela mora– lidade htminosa, a sabedoria humana. De sorte que, assim como procuro seguir as pegadas incertas. desse falso ":Homo Americanus", mal entrevisto numa das grutas mineiras pelo espírito a11queoló– gico de Lund - examino igualmente o preto, da.

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