MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
R A IMUNDO MORAIS fera, ;em motivos risonhos que levem a alegrar a paisagem, a acloçar a perspectiva, equivale a sentir a selva congesta ·e tenebrosa, a se integrar nos re– dutos escuros . e ameaçadores da jangla. A probi– dade é, talvez, a caracteristica "maitresse" da obje– tiva do artista cearense. Ser probo -nas tintas, na luz, no ambiente, sacrificando pela uniformidade enfadonha o que poderia, com alguns toques de imaginação, ser alacre e irisado, significa verda– deiro sacerdocio em prol da realidade. Porque -a tela que conseguiria, talvez, para a grande massa de espectadores, ;possl!lir maior irra– diação com ligeiro enxerto, fica adstrita a meia <luzia de conhecedores diretos da região. O notavel pintor brasileiro, entretanto, · não concretiza apenas esses trechos foscos da mata amazônica; trouxe na– babescamente outros aspectos floristicos dos arre– dores de Manaus, do Tarumã, da Cachoeirinha, do Careiro; ·do ,lago do Aleixo, dessa floresta, enfim, engomada e passada a ferro, que corta o cabelo e faz a barba, que levanta a saia para rnosbar as pernas, e que tem laçarotes na cabeleira e pó de arroz na face. Floresta, em suma, algo mais civi– lizada, vestida pelos melhores figurinos botâviicos, encontrada nos decoradotes, nas revistas iilustr-àdas em pôses de bosque-manequim. Fugindo, porém, ao assunto verdura, a galeria do Sr. Vicente Leite, arquitetada agora nesta via– gem, é rica de aguas , de navios, de edifieios, de
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